Não fiz objetivamente promessas
para 2013. Tenho feito algumas há tempos e, por essa razão, acabei chegando ao
dia 31 meio exaurido para novas resoluções. O ano de 2012 foi excelente e, no
fim dele, deixei o 2013 meio livre.
No
dia 31 de dezembro pensei sobre os votos, os desejos mútuos de um ano cheio de
coisas boas. Tudo muito politicamente correto, o que não necessariamente é
falso. Adoro a festa, os fogos, o mar, pular as sete ondas, comer isso e aquilo,
beber champanhe, abraçar os afetos, mas... posso fazer isso sempre que eu
quiser.
O
que me ocorre pensar, em síntese, é que estar em determinados lugares hoje em
dia, não é mais uma experiência e sim uma aparência. Aquela aparência de
felicidade que você talvez consiga mostrar no Instagram ou no Facebook,
por exemplo. E que, só a partir disso e por isso, é que vai acabar fazendo
algum sentido para você.
O
disfarce da realidade transforma o mundo real em um mundo da margarina. Assim
como uma foto trabalhada no Photoshop,
a realidade está sofrendo alterações significativas que partem das distorções
da realidade feitas por nós mesmos. Basta que vejamos as fotos: quase
impossível alguém não estar sorrindo.
Quando
olhamos mulheres e homens “impossíveis” em revistas, pensamos: eles não são
reais, tem efeito aqui, tem uma puxada ali, esqueceram de colocar o umbigo,
etc. Mas, inconscientemente, mesmo assim, é esse o modelo que buscamos. Agora,
estamos fazendo essa mesma movimentação que antes se resumia ao corpo, no
cotidiano também.
Vidas
impossíveis que se legitimam através do olhar alheio. Estar em um show só faz
sentido se todos souberem que estamos no show. Estar deitado na rede em uma
praia linda qualquer só fará sentido se rolar aquela fotinho cheia de curtidas.
E se não curtirem? Será menos prazerosa a sensação do desfrute.
Não
é por acaso que as grandes Google e Facebook estejam cada vez mais
investindo em políticas de privacidade. Mas deve ser complicado lidar com este
antagonismo: quero me mostrar versus não quero que me vejam. Aliás, para
qualquer empresa ou pessoa física é complicado lidar com a hipocrisia.
Para
2013, então, não fiz promessas. Quero tão somente que a minha vida seja mais
real. O ano muda, de 2012 para 2013, quem muda o resto somos nós.
(A foto é do Miguel Rio Branco)
(A foto é do Miguel Rio Branco)
"Adoro a festa, os fogos, o mar, pular as sete ondas, comer isso e aquilo, beber champanhe, abraçar os afetos, mas... posso fazer isso sempre que eu quiser." Exato. Este último combo natal + ano novo me deixou exausta das convenções familiares de todo ano...
ResponderExcluircuriosamente, estou na mesma vibe.
ResponderExcluire, como de costume, adorei o teu texto.
:)