segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

TALVEZ NUM TEMPO DA DELICADEZA


Muito se produz sobre o nosso tempo. A ciência, as artes. Tudo fala muito sobre o nosso tempo, sobre as relações interpessoais e individuais.

Eu não sou a ciência e nem tenho a ciência do meu lado. Eu não sou um artista e nem ando com a arte lado a lado. Sou um cara comum, alguém que só quer fazer os troços direito (para mim e para os outros).

Em setembro, Maria Bethânia veio a Porto Alegre com uma peça de teatro em que recitava poemas. Diversos poemas. Recitou clássicos de Fernando Pessoa, poemas lindos do Arnaldo Antunes, trechos de Guimarães Rosa e outros tantos a mim desconhecidos. Um espetáculo que destacava a delicadeza. É isso: a delicadeza. A própria, ao encerrar a peça, mencionou algo sobre isso, sobre essa característica do espetáculo.

Claro, eu me comovi muitíssimo, não somente por que adoro Maria Bethânia, mas também por que a delicadeza me comove. E eis um tempo (reflitam comigo), que de tão avançado e moderno, deixou completamente de lado a gentileza humana. O agrado, sabe? A palavra que existe para acarinhar, para elogiar.

O que está acontecendo com as pessoas que, de repente, confundem delicadeza com desejo? Ou, ainda, gentileza com frescura? Que tempo estranho este que de tão virtual, desvirtuou uma peça dentro da gente. Uma peça, um botão, uma ligação biológica que, antigamente, era capaz do que hoje não se vê mais.

Há tempos não escrevia no meu BLOG. Há tempos não tinha muita vontade disso. Hoje, de repente, me entusiasmou a ideia de partilhar sobre esse tema. Principalmente por que é importante, para mim, que a gente pense sobre isso. Que a gente não confunda as bolas. Que a gente se permita ser minimamente altruísta. Cutucar no Facebook uma pessoa não é o mesmo que lhe dizer sobre os seus olhos. E falar sobre os seus olhos não é desejo, não é fantasia, é reconhecer um olhar, é valorizar um encontro, é prestigiar um amigo com um poema que fale de um sentimento surgido em decorrência do seu olhar. Dizer das estrelas e dos planetas e dar graças à vida e a um encontro determinado. Isso não pode ser clichê. Desculpem, isso não pode ser clichê.

Como as pessoas são pequenas e bobas hoje em dia ou, na melhor hipótese, super pretensiosas em pensar que um elogio é sinônimo de um interesse raso ou físico. É interesse, claro, mas pela partilha, pela troca, pela alma, pelo outro inteiro.

Tenho percebido que o nosso tempo é um tempo de redução. De reduzir as coisas a uma sede qualquer. Uma carência coletiva e estranha, mascarada do tradicional “eu me basto”, já tão comum em pessoas cada vez mais jovens.

A sociedade atualmente não reduz apenas, deliberadamente, estômagos por aí. Reduz o sentimento alheio. Reduz o outro. Talvez eu não saiba explicar o que quero dizer... Mas quando eu olho nos olhos de uma pessoa e digo tão somente “obrigado!”, por exemplo, por uma pequena coisa, o resultado energético e físico disso é evidente e me parece que não deveria ser tanto. Há, em certa medida, um estranhamento com relação à gentileza.

Olhar para um amigo e agradecer. Assim mesmo: agradecer! Identificar um momento bom e verbalizar isso. As pessoas acham que não precisam dizer e acabam nunca dizendo. Com isso, fica o meu comigo e o teu contigo e vamos embora, vamos seguindo em frente. Eu, com o que eu acho que tu sabes. Tu, com o que tu achas que eu sei.

Exercitar a gentileza, dar espaço à delicadeza, faz mal para quem? Super equivocados estão aqueles que pensam que elogiar o outro lhe diminui. Lamento muito pelos bobos e pretensiosos de plantão, que perdem tanto em não estender a mão.  

Todo o sentimento, de Chico Buarque:


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

FUTUROS AMANTES



Futuros Amantes
Chico Buarque
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

domingo, 19 de junho de 2011

É O QUE ME INTERESSA

Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem.
Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa.
Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurra em meu ouvido
Só o que me interessa.
A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa.
(Lenine)


domingo, 17 de abril de 2011

LA VARGAS, SEÑORA DE LOS EXCESOS


Hoje, dia 17 de abril de 2011, a grande Chavela Vargas completa 92 anos de vida! E que vida! Calou sua voz  nos anos 70, após enorme sucesso mundial, quando começou a beber, caindo no anonimato. Mercedes Sosa, lá pelos anos 90, em um de seus shows disse: "Si alguien pasa por México, que ponga una rosa de mi parte en la tumba de Chavela Vargas", pois todos pensavam que Chavela estava morta. Como diz sua biografia: "(...) Muerta en vida, ahogándose en tequila, sin voz, y tan pobre, que vivía en un cuartico en Aguatepec, a una hora de Ciudad de México, en la casa de quien décadas atrás había sido su empleada doméstica. Chavela se levantaba al mediodía y comenzaba a beber de a raticos hasta que se acabara la noche. Ella dice ahora que si a sus setenta y pico de años está tan bien, es porque su cuerpo se ha conservado en alcohol. Pasé veinte años borracha y la gente se olvidó de mí. Me tomé cuarenta y cinco mil litros de tequila. Y poco importa cómo haya hecho las cuentas. (...)".

Mas Chavela Vargas, nos áureos tempos, teve o primeiro Jaguar que o México conheceu. O estreou de frente contra uma árvore na estrada México-Cuernavaca e o acidente lhe arrancou a pele desde a raíz do cabelo até deixar todo seu crânio descoberto. Não ia muito sóbria, digamos. Foi a primeira mulher a usar calças no país e declarar publicamente que não gostava de homens.

Viveu na casa de Diego Rivera e Frida Kahlo, antes da morte de Frida em 54. Lá pelos anos 60, um jornal mexicano anunciou que haveria uma noite de eclipse lunar e Chavela decidiu que queria ver desde um ângulo diferente: o viu, finalmente, pulando de para-quedas. Enfim, meio México se lembra "de los chavelazos".
Agora, os 92 anos, após ter ressuscitado aos 74, depois de anos afogada na tequila, Chavela Vargas está melhor do que nunca: "Yo soy una de esas gentes que prefiere amar a que la amen.".

Mais informações sobre ela vocês poderão curtir aqui nos cinco vídeos abaixo. 

"(...) Hace dos años dio un concierto en el Teatro de Bellas Artes del D. F., al que asistió todo el México dirigente. Le entregaron las llaves de la Ciudad. Le rindieron honores por aquí y por allá. Ahora que otra vez había triunfado afuera, ahora que Joaquín Sabina le había escrito su mejor canción, ahora que Almodóvar hablaba de ella sin cesar, ahora que desde García Márquez hasta Isabel Preysler hacían cola para cenar con ella en Madrid en casa de la diseñadora de modas Elena Benarroch, México volvía a acordarse de su Chavela. Volvía a emborracharse con su voz descomunal. Ella los acompañaba con una lejana sonrisa de medio lado y un vasito de coca-cola entre las manos. (...)"

quinta-feira, 14 de abril de 2011

EU AMO DIAS DE CHUVA

"Tu queres sono: despe-te dos ruídos, e
dos restos do dia, tira da tua boca
o punhal e o trânsito, sombras de
teus gritos, e roupas, choros, cordas e
também as faces que assomam sobre a
tua sonora forma de dar, e os outros corpos
que se deitam e se pisam, e as moscas
que sobrevoam o cadáver do teu pai, e a dor (não ouças)
que se prepara para carpir tua vigília, e os cantos que
esqueceram teus braços e tantos movimentos
que perdem teus silêncios, o os ventos altos
que não dormem, que te olham da janela
e em tua porta penetram como loucos
pois nada te abandona nem tu ao sono."  


Poema de Ana Cristina César (foto), retirado do livro "A Teus Pés", aqui da minha cabeceira.

Para completar, a inadjetivável Chavela Vargas, que no próximo dia 17 cumprirá 92 anos de vida:


domingo, 27 de março de 2011

EM DEFESA DE MARIA BETHÂNIA

Quem me conhece sabe: sou louco por Maria Bethânia. Não há nada que eu não tenha dela em DVD, CD e, agora, estou quase esgotando tudo o que a maior intérprete da música brasileira lançou em LP. Enfim, todos nós temos nosso ídolos musicais e Bethânia, sem dúvida, é um dos meus.

Lendo o jornal O Globo de hoje, me deparei com um texto de Caetano Veloso intitulado 'Também tenho fígado'. Resguardadas minhas resistências com relação a Caetano, achei por bem compartilhar com vocês um trecho do texto, para que reflitam sobre o massacre e a desmoralização que estão fazendo com uma artista incrível. Leiam:

"(...) Toda a grita veio com o corinho que repete o epíteto "máfia do dendê", expressão cunhada por um tal Tognolli, que escreveu o livro de Lobão, pois este é incapaz de redigir (não é todo cantor de rádio que escreve um "Verdade tropical"). Pensam o quê? Que eu vou ser discreto e sóbrio? Não. Comigo não, violão.

O projeto que envolve o nome de Bethânia (que consistiria numa série de 365 filmes curtos com ela declamando muito do que há de bom na poesia de língua portuguesa, dirigidos por Andrucha Waddington), recebeu permissão para captar menos do que os futuros projetos de Marisa Monte, Zizi Possi, Erasmo Carlos ou Maria Rita. Isso para só falar de nomes conhecidos. Há muitos que desconheço e que podem captar altíssimo. O filho do Noblat, da banda Trampa, conseguiu R$ 954 mil. No audiovisual há muitos outros que foram liberados para captar mais. Aqui o link. Por que escolher Bethânia para bode expiatório? Por que, dentre todos os nossos colegas (autorizados ou não a captar o que quer que seja), ninguém levanta a voz para defendê-la veementemente? Não há coragem? Não há capacidade de indignação? Será que no Brasil só há arremedo de indignação udenista? Maria Bethânia tem sido honrada em sua vida pública. Não há nada que justifique a apressada acusação de interesses escusos lançada contra ela. Só o misto de ressentimento, demagogia e racismo contra baianos (medo da Bahia?) explica a afoiteza. Houve o artigo claro de Hermano Vianna aqui neste espaço. Houve a reportagem equilibrada de Mauro Ventura. Todos sabem que Bethânia não levou R$ 1,3 milhão. Todos sabem que ela tampouco tem a função de propor reformas à Lei Rouanet. A discussão necessária sobre esse assunto deve seguir. Para isso, é preciso começar por não querer destruir, como o Brasil ainda está viciado em fazer, os criadores que mais contribuem para o seu crescimento. Se pensavam que eu ia calar sobre isso, se enganaram redondamente. Nunca pedi nada a ninguém. Como disse Dona Ivone Lara (em canção feita para Bethânia e seus irmãos baianos): "Foram me chamar, eu estou aqui, o que é que há?"

O texto completo está aqui.

PUT ME IN THE UNDERTOW

Hoje eu acordei meio 'take me river, carry me far'... e eu adoro acordar assim. 


River - Lights

out across cities I see buildings burn into piles
and watch the world in wonder, as mountains turn into tiles
and trees loosing their leaves and their faces becoming tired
i wish i could discover something that doesn't expire
come stumble me

take me river, carry me far
lead me river, like a mother
take me over to some other unknown
put me in the undertow



such other things that make a kingdom rumble and shatter
the same dynamic that another day would never matter
it really just depends on who's giving and who's receiving
and things that don't make sense are always a little deceiving
come and humble me



take me river, carry me far
lead me river, like a mother
take me over to some other unknown
put me in the undertow



i wanna go where you're going
a follower, following
changing, but never changed
claiming, but never claimed



take me river, carry me far
lead me river, like a mother
take me over to some other unknown
put me in the undertow

take me river, carry me far
lead me river, like a mother
take me over to some other unknown
put me in the undertow



segunda-feira, 21 de março de 2011

SANGUESSUGAS


Parem com as buzinas dos automóveis. Os faróis acesos queimando os olhos na estrada. O calor do asfalto. O som dos ônibus inquietos. A insônia das motocicletas e dos interfones. Esta fumaça, este ranço, as vírgulas, desliguem! Por favor, alcancem-me as reticências e o ponto final. Deem-me silêncio, espasmo, intervalo. Joguem sobre mim a quietude, a imensidão do vácuo existencial. Quero ouvidos moucos para o tagarelar desenfreado das caturritas humanas. Calem-se! Sumam todos! Alcem voo pra bem longe. Deixem-me existir no espaço entre as falas, naquele momento da inspiração, antes que cuspam novos verbos. Deixem-me residir no silêncio das palavras. Naquele instante antes dos aplausos. No exato momento em que, ao piscar, os olhos estão fechados. Ali, por favor, ali! Residente e domiciliado na folga da realidade. Quando se desiste de brincar, quando o sono vence, quando o amor hesita. Longe do que preenche. Estou exausto. Não aguento mais ter consciência coletiva. Me larguem. Quero bastar sozinho. Deixem-me! Sumam com as verdades verborrágicas e imbecis dos discursos vazios ou cheios que proferem. Produtores de lixo. Exploradores. Enlatados.
Obs.:
O quadro que compõe esta postagem é da pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954).

domingo, 13 de março de 2011

CHAMA O SÍNDICO!



Quando entrei para o Facebook, em 2005, a moda geral aqui no Brasil era o Orkut, com suas comunidades e scraps. Eu estava lá no Orkut também e, no Facebook tinha amigos de outros países, pouquíssimos daqui. É que em Nova Iorque, por exemplo, o Orkut não era conhecido e aqui perto mesmo, em Buenos Aires ou em Montevidéu, ninguém sabia o que era.

Muito já se falou em vantagens e desvantagens das redes sociais. Tal como ocorre com o Big Brother Brasil, por exemplo, muitos enchem a boca para criticar e/ou menosprezar, tentando através disso mostrar que seu nível cultural não comporta trivialidades dessa natureza. Claro, não há dúvida de que existe um exagero coletivo, uma transformação de determinados modos de agir e de valores por conta das redes sociais, que fizeram emergir quem, em carne e osso, não ‘sabia’ interagir.

Como em um baile de máscaras, o Facebook ‘protege’ alguns. Dá a determinadas criaturas a ilusão de que podem, de repente, usar de uma intimidade que não lhes foi concedida. Entendo que mesmo o Facebook sendo um espaço virtual, a minha liberdade vai terminar onde começa a de outrem. Sem ranços ou clichês. Acho que todas as liberdades ali, como na vida concreta, têm de ser respeitadas – mas – também, como na vida real, o traçado do bom-senso e o respeito aos princípios fundamentais não deve ser ofuscado pela sensação ilusória e covarde de estar ‘escondido’ atrás de um computador.


Assim foi responsabilizada – e muito bem responsabilizada – uma jovem que ofendeu o povo nordestino na campanha da Presidenta Dilma através do Twitter, por exemplo. A Internet não é e não deve ser uma ‘terra de ninguém’. Haverá um tempo em que RG será menos importante que ID?

Quem está nas redes sociais está sujeito à exposição, mas isso não é sinônimo de ser conivente com o fato de pessoas tomarem liberdades indevidas, ofenderem, ridicularizarem ou agredirem outras pessoas. Quando se fala em trazer o Direito para a Internet, pensa-se logo em sansões, penas, regras, prejuízos, multas ou, ainda, em tolhimento da liberdade de expressão. Bem, o Direito pode até ter nuances que comportam isso tudo, mas também – e isso é o mais importante – vem para assegurar, para compor, para proteger, para evitar abusos que firam a integridade dos indivíduos e muito mais.

Enfim, na verdade o que ocorre é que sou tremendamente favorável a legislações que regulamentem determinadas condutas no ciberespaço. É muito importante que o Direito olhe pela dignidade da pessoa humana e lhe dê segurança, mesmo nestes espaços virtuais. Temo que a violência velada e mascarada de alguns cidadãos através da Internet (das redes sociais) seja banalizada ou menosprezada.

O Facebook é um grande condomínio, onde todos nos tornamos vizinhos: precisamos logo chamar um síndico!


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

POBRES BARATAS QUE SOMOS


Hoje de manhã quando estava saindo de casa, no corredor do prédio, vi duas baratas no chão. A primeira, já morta, um pouco mais à esquerda de quem segue em direção à porta, bem no cantinho, recolhida para sempre, dando passagem aos vivos. A segunda ainda debatia-se, esforçada com a pança para cima, denotando uma falha da mãe natureza, uma vez que naquela posição colocada, não mais conseguia virar-se.

E se fôssemos assim? E se somos assim?

Baratas são mais parecidas conosco do que pensamos, refleti. Tão gloriosas com suas cascas, protegidas pela dureza de um corpo singular. 

Por que ojerizar tanto uma criatura pela aparência que lhe foi destinada? Para todos os efeitos não há escolha, não se opta pela insígnia de se nascer diferente. Pobres baratas. Pobres humanos que somos.

Com vocês Cee Lo Green e Gwyneth Paltrow, divirtam-se:


domingo, 30 de janeiro de 2011

O BEM DA EXPOSIÇÃO


Ainda estou me recuperando da perda do meu disco rígido, cuja rigidez pode ser comparável a qualquer coisa que não seja propriamente rígida. É difícil perder centenas de fotos, ainda mais em um tempo que não temos tempo para revelá-las. Perder diversos textos, artigos, trabalhos e bobagens... Estou assim: sobrevivi de um incêndio de pijama, sabe?

Mas uma coisa que percebi foi o quanto as redes sociais, amadas na mesma medida que rejeitadas ou menosprezadas por todos que as têm, foram peça fundamental em um resgate das minhas fotos. Tanto no meu extinto Orkut quanto no Facebook eu recuperei várias fotos. Mesmo que uma única foto de uma viagem imensa, já me ajudou a não me sentir tão prejudicado. Aqui no BLOG, por exemplo, postei um vídeo que fiz das minhas viagens de 2009 e da minha viagem a Belém do Pará. Está aqui, para sempre, rígido de verdade.

Na minha exposição “desenfreada” e contemporânea, encontrei a salvação de uns registros importantes.

Por fim e mudando de assunto, recomendo muito para este domingo uma comédia italiana ótima que assisti ontem: O Primeiro que Disse (Mine Vaganti, 2010):


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

29 ANOS SEM A PIMENTINHA

Hoje faz 29 anos que Elis Regina morreu. A minha primeira postagem de 2011 vai, então, reverenciar uma das maiores intérpretes da história da MPB. O excesso de trabalho e um HD corrompido me impediram de estar aqui mais presente neste novo ano.

Fiquem com a incrível Elis e com Rita Lee, nesta linda e estranha noite de lua cheia:


Doce de Pimenta
Rita Lee - Roberto de Carvalho

Cada um vive como pode
E eu nasci pra sofrer
Cara feia pra mim é fome
Eu não faço manha pra comer não!

A vida é como uma escola
E a morte é um vestibular
No inferno eu entro sem cola
Mas o céu eu vou ter que descolar

Mas quando alguém
Precisa de um carinho meu
Não há nada que me prenda
Mas se eu sentir que um bicho me mordeu
Sou mais ardida que pimenta!

No fundo eu sou otimista
Mas sempre imagino o pior
Me cansa essa vida de artista
Mas cada vez o prazer é maior

Mas quando alguém
Precisa de um carinho meu
Não há nada que me prenda
Mas se eu sentir que um bicho me mordeu
Sou mais ardida que pimenta!