sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O ETERNO WALY SALOMÃO


Devenir, devir

Término de leitura

de um livro de poemas
não pode ser o ponto final.

Também não pode ser
a pacatez burguesa do
ponto seguimento.

Meta desejável:
alcançar o
ponto de ebulição.

Morro e transformo-me.

Leitor, eu te reproponho
a legenda de Goethe:
Morre e devém

Morre e transforma-te.

O Waly foi um destes homens raros, cheio de poesia. Quando falava, era seu corpo todo que se manifestava em uma dança confusa de gestos e verbos. Um homem sensacional que volta e meia retorna a minha cabeceira. Hoje reencontrei esse lindo poema dele, que saudade!

Leiam, também, essa composição do Waly com o Macalé, chama-se Mal Secreto:

Não choro,
Meu segredo é que sou rapaz esforçado,
Fico parado, calado, quieto,
Não corro, não choro, não converso,
Massacro meu medo,
Mascaro minha dor,
Já sei sofrer.

Não preciso de gente que me oriente,
Se você me pergunta
Como vai?
Respondo sempre igual,
Tudo legal,
Mas quando você vai embora,
Movo meu rosto no espelho,
Minha alma chora.

Vejo o Rio de Janeiro
Comovo, não salvo, não mudo
Meu sujo olho vermelho,
Não fico calado, não fico parado, não fico quieto,
Corro, choro, converso,
E tudo mais jogo num verso
Intitulado
Mal secreto.

3 comentários:

  1. Que delícia ler esses poemas!!! Eu entrava todo o dia e sempre aquele SEM TEMPO lá. Muito bom...

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  2. Sou fã do Waly, ótima seleção essa. Abração. Gui

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