As relações interpessoais são movidas por interesses particulares. As pessoas e suas vontades, e suas intenções e seus limites. O ano de 2010 vem sendo extremamente importante no amadurecimento quanto à minha percepção dessas questões.
Nos últimos dias ou meses venho, finalmente, deixando cair as armaduras. Percebo o peso que estava carregando para me defender das pessoas, coisa essa que não me levava a lugar algum, a não ser para uma angústia pessoal.
Não acho que devamos saber ou prever as intenções alheias, os interesses, os limites e as vontades. Nem teríamos como fazê-lo. Aí sim haveria o desassossego, a inquietação e/ou a angústia. Simplesmente ter consciência que as pessoas (e nós mesmos) são assim, já é uma movimentação interessante e muito menos óbvia do que parece.
A primeira vez que refleti mais intensamente sobre isso foi em uma aula de Processo Civil, estudando sobre o que vem a ser a prova (ato de provar). O que é provar? Provar é argumentar o quê? É demonstrar? É ter uma certeza? Talvez seja tão somente argumentar com vista em um interesse, não?
Eis que aqui estou falando do universo processual, onde uma parte vai argumentar conforme os seus interesses e, para isso, muitas vezes, vai confabular com advogados e testemunhas, para que as provas rumem ao objetivo desejado.
Qual é a diferença do universo processual apresentado para o cotidiano da vida em si?
As pessoas não são “só as pessoas”. São, como aludido acima, as pessoas e suas intenções, as pessoas e seus interesses, as pessoas e suas vontades, as pessoas e seus limites.
Talvez em 2010 eu esteja me reconhecendo, me reencontrando, me reinventando. Resgatando o Rodrigo que deixei de lado nos últimos dois anos de minha vida por conta das circunstâncias*. Está, sem dúvida, sendo um ano fantástico, forte, feliz e dolorido. Natural o afastamento de algumas pessoas e a aproximação de outras. A minha mudança implica nessa movimentação e, então, os interesses particulares obviamente se movimentam também. É uma mudança nas ondas energéticas, é uma mudança verdadeiramente particular: das minhas intenções, dos meus interesses, das minhas vontades e dos meus limites.
(A foto lá em cima é do meu predileto e fantástico Henri Cartier-Bresson, claro.)
* Lembrei de um trecho de um poema lindo - que a Bethânia lê em um dos shows que tenho em DVD - não lembro agora o autor, mas diz assim: "Eu amo a tua alegria, mesmo e fora de si eu te amo pela tua essência, até pelo que você podia ter sido se a maré das circunstâncias não tivesse te banhado nas águas do equívoco."
acho que não preciso dizer que adoro o teu jeito de escrever. e as tuas idéias [com acento, ainda não aceitei a reforma ortográfica], bem como o modo como as coloca. e, claro, henri cartier-bresson, o mestre dos mestres.
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não vou te ler sempre, mas de vez em quando passarei aqui. tendo a certeza de que encontrarei algo interessante, realmente, e que me fará refletir de verdade.
já disse que sou fã do blog... impressionado com isso, resolvi copiar, humildimente, o exemplo: comoeuachavaquedeveriaser.blogspot.com
ResponderExcluirchico!
É isso aí: a gente só pode é com a gente mesmo, e olhe lá... Besos
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