sábado, 16 de outubro de 2010

ENTRE CAETANOS E AMÉNS



No dia 02 de outubro, crendo na eleição de Dilma Rousseff ainda no primeiro turno, comemorei o fim dos ‘bom Dilmas’ e da onda verde.

Comemorei, equivocadamente, o fim dos ‘bom Dilmas’ por que eles não seriam mais necessários e sempre os considerei idiotas demais. Ora, bom Dilma.

Comemorei, equivocadamente, o fim da onda verde, por que a considerava uma ondinha sem importância. Jamais pensei que o Brasil tivesse 20 milhões de Caetanos Velosos capazes de acreditar que esse “fenômeno” seria algo diferente do que uma jogada da mídia para arrastar o tucano José Serra para o segundo turno.


Estou com vergonha dos meus equívocos. Não sei mais nada do Brasil. Não sei mais nada da política.

Agora estamos diante de um segundo turno feroz. Um vale tudo sanguinário onde a política está, de fato, mostrando sua cara. Nos últimos dias o que mais tem me incomodado é a mistura de religião com Estado. Por favor, está lá na Constituição Federal de 88: somos um Estado laico. Isso quer dizer que não temos religião oficial e, por óbvio, que cada um pode escolher a sua ou nenhuma, como lhe aprouver.


Claro, os candidatos querem os milhões de votos dos evangélicos que seguiram a Marina junto com os Caetanos, nossos amigos da onda verde. Mas, por favor, um pouco de sanidade não faz mal a ninguém. Aborto não é uma questão de religião, é saúde pública! Casamento entre pessoas do mesmo sexo é direito fundamental, é princípio, é isonomia. Do que eles estão falando afinal? Tudo é eleitoreiro, baixo, de difícil digestão.

Levantar essas questões somente colabora para a difusão dos preconceitos, acentua as discriminações, polariza a sociedade. Isso é típico de políticos como José Serra ou como Marina Silva. Essa segunda, da onda verde, queria tirar o corpo fora e colocar em plebiscito questões que são asseguradas pela Constituição, que são direitos fundamentais de todos nós cidadãos. Ora, plebiscito! Só os Caetanos mesmo para caírem nessa. Nós precisamos de políticos que reafirmem os direitos humanos e não que os coloque em votação. Agora vamos votar: a mulher deve ou não abortar? Por favor, Sra. Marina Silva! Não subestime a minha inteligência, eu sei aonde a senhora queria chegar com isso.


A mídia discípula dos tucanos está, agora, tentando de todas as formas fazer com que acreditemos em outras várias histórias. Onda verde, onda de fé, onda disso e daquilo. Sensível e belíssimo o artigo que rendeu a demissão de Maria Rita Kehl, sugiro inclusive que todos leiam, vale a pena entender o que está havendo com as classes sociais brasileiras. É uma reflexão em apertada síntese, mas muito bem feita. Vale, também, entender o que leva à Editora Abril, por exemplo, a apoiar à direita, historicamente. Reparem as vantagens que tem quando o governo é de um partido como o PSDB (clique aqui). Imaginem isso nacionalmente!

O BLOG é um espaço democrático e livre. A verdadeira liberdade de expressão se dá através de espaços como este. Há um universo imenso deles por aí que podem ser explorados, pena que nem todos os brasileiros – ainda – tenham acesso à Internet e acabem ficando reféns da televisão, de jornais ou rádios extremamente tendenciosos e confusos.

Boa sorte para nós no dia 31 de outubro.

4 comentários:

  1. Excelente! Concordo e assino em baixo. Abração!

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  2. adorei!!!!
    que chegue dia 31/10......não aguento mais esse medo!!!!!!

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  3. Brilhante! Acho que o eixo é mesmo a defesa intrasigente do estado laico. Fico mal quando vejo a Dilma fazendo 'acordos' com os evangélicos. Logo os evangélicos, que querem controlar grandes veículos de mídia, além de levar dólares 'na meia' pro exterior.A Dilma devia é ter arrancado o 'coquezinho evangélico' da Marina ainda no 1º turno... Socorro! Até dia 31!

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  4. Quando li teu texto sobre o fim do "bom Dilma" e da "onda verde", fiquei incomodado, não gostei do que parecia ser uma posição de "neutralidade" tua, embora eu saiba de que lado tu estás. Agora não, foi preciso, na medida.

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